Em Tudo derrete sob o sol, João Salazar mostra 16 trabalhos em plastilina

O artista visual João Salazar realiza na Calafia sua primeira exposição individual. São 16 objetos em duas ou três dimensões desenvolvidos em plastilina, mais conhecida como “massa de modelar”. Os trabalhos apresentados na exposição seguem uma pesquisa poética já perseguida pelo artista em desenhos e pinturas sobre tela, painel e papel. Nelas, Salazar explora uma narrativa cataclísmica sobre as paisagens do ambiente urbano misturadas a ícones da cultura pop e do ambiente web.

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A pesquisadora Adriane Hernandez comenta o trabalho de Salazar analisando algumas relações entre a poética do artista e as particularidades da plastilina, que “precipita a sua presença pelo forte apelo à tatilidade”, pois tira a narrativa da imagem do primeiro plano e nos permite focar nas sensações táteis típicas do material, como os sulcos, as ranhuras e os achatamentos. A cor, importantíssima na criação do artista, vai se reconfigurando com o amadurecimento da produção: “o trabalho vai se tornando cada vez mais pictórico, havendo menos preocupação com o desenho, no sentido da construção figurativa e, desse modo, a cor adquire maior complexidade.

Hernandez também explica que os temas desenvolvidos por Salazar se somam à natureza da plastilina para indicar uma constituição de algo “que ainda está por ganhar a forma fixa ou propenso ao derretimento. Essa imposição de expectativa se alia às paisagens apocalípticas, desordens, inundações, explosões ou, em trabalhos mais recentes, a um mundo tecnologizado, com emoticons cansados e deprimidos”. Em qualquer um dos casos, a pesquisadora esclarece que há sempre a indicação de uma espera, “ainda assim é uma espera irônica”, conclui.

Tudo derrete sobre o sol poderá ser visitada até o dia 6 de agosto na sala expositiva da Calafia Art Store. Os trabalhos estão incorporados ao acervo comercial da galeria.

João Salazar tem graduação em Artes Visuais e vem desenvolvendo sua produção autoral em diversas técnicas, com destaque para o desenho e a pintura. Sua pesquisa reflete as inquietações acerca do cotidiano urbano, suas estruturas e relações com a paisagem em paralelo ao recente mergulho no universo virtual e elementos da cultura pop. Também atua como ilustrador e compositor. Vive e trabalha em Porto Alegre.

Adriane Hernandez é artista plástica, professora e pesquisadora do Instituto de Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde 2013 e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (UFRGS). Atuou como professora, categoria adjunto, na Universidade Federal de Pelotas, de 2008 a 2013 e como docente permanente do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFPel. Possui graduação em Artes Plásticas, habilitação em Pintura, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994), mestrado em Artes Visuais pela mesma Universidade (1998) e doutorado em Artes Visuais, ênfase em Poéticas Visuais, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Realizou estágio de doutorado na Universidade de Paris VIII sob orientação do teórico francês François Soulages. Como artista e pesquisadora, a sua área de interesse é ampla e inclui o campo da pintura, da fotografia, do objeto, da metodologia de pesquisa em poéticas visuais, mais especificamente, e da arte contemporânea, em geral. 

Tudo derrete sob o sol
Trabalhos em plastilina de João Salazar
Apresentação de Adriane Hernandez

Visitação
De 09 de julho a 07 de agosto de 2022
Seg a sexta, das 10h30 às 17h30.
Sábado, das 11h às 16h.
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